Publicado em: fevereiro 03, 2009.
As catástrofes ligadas ao clima, como inundações, secas, tempestades e ondas de calor, afetaram 197 milhões de pessoas no mundo, principalmente na Ásia, de acordo com um relatório publicado nesta sexta-feira pelas Nações Unidas.
Os dados foram divulgados ontem pela ONU em levantamento sobre os desastres naturais que atingiram o mundo no ano passado. Segundo a entidade, os prejuízos em todo o mundo com chuvas, secas, tufões e outros desastres foi de US$ 62,5 bilhões em 2007, mais que o dobro das perdas registradas em 2006.
No total, cinco importantes desastres naturais foram registrados no Brasil em 2007.
As inundações, que representaram a grande maioria das catástrofes climáticas, mataram 8.382 pessoas em 2007, ou seja, muito mais que a média dos sete anos precedentes (5.407 mortes), indicou o Centro de pesquisa sobre epidemiologia dos desastres (Cred) da Universidade católica de Louvain (Bélgica).
As catástrofes naturais de qualquer tipo - climáticas, mas também terremotos, etc - fizeram no total 16.517 mortes no ano passado, menos que em 2006 (21.342 mortes).
O número de pessoas atingidas, em contrapartida, aumentou consideravelmente, sendo quase 200 milhões contra 135 milhões em 2006, de acordo com o estudo anual do Cred.
Sobre este total, a grande maioria (164 milhões) foi vítima de inundações, sendo metade na China durante as cheias dos meses de junho e julho, afirmou a diretora do Cred, Debarati Guha-Sapir. Entre 2000 e 2006, 95 milhões de pessoas foram atingidas em média por inundações.
Sem citar os efeitos da mudança climática, Guha-Sapir assinalou que os fenômenos meteorológicos matam cada vez mais: as tempestades provocaram 5.970 mortes no ano passado contra 3.127 em média desde o início da década.
Este aumento de vítimas parece também estar ligado ao desenvolvimento sem planejamento nos grandes países emergentes da Ásia.
"Está diretamente relacionado com as políticas de desenvolvimento ou com a ausência delas", declarou. No futuro, "a China e a Índia vão certamente sofrer um aumento" das inundações, acrescentou.
No ano passado, as 10 catástrofes mais mortíferas estavam ligadas ao clima, exceto uma: o tremor de terra de agosto no Peru (519 mortes).
Bangladesh sofreu as duas catástrofes mais graves, com o ciclone Sidr em novembro (4.234 mortes) e as inundações do verão (1.110 mortes).
A Ásia, deste modo, foi de longe a área mais atingida pelas catástrofes. O continente sofreu oito dos dez acontecimentos mais graves, sendo os outros dois no Peru e na Hungria, que foi vítima de uma onda de calor que matou 500 pessoas.
Os Estados Unidos sofreram o maior número de catástrofes naturais (22), na frente da China (20) e da Índia (18).
Em relação à população, a Macedônia se encontra na ponta da lista, com uma onda de calor que matou ou afetou 49.000 pessoas em cada grupo de 100.000 habitantes.
O número de desastres em 2007 também ficou acima da média dos últimos sete anos. Foram 399 desastres, contra uma média de 394.
"As tendências estão comprovando o que os especialistas sobre mudanças climáticas já estavam nos avisando sobre o impacto do meio ambiente na vida das pessoas", afirmou Debarati Guha sapir.
Tudo indica também que os custos dos desastres ficarão cada vez mais altos. Apenas o terremoto no Japão em julho custou à economia local US$ 12,5 bilhões. As enchentes na Inglaterra ainda consumiram outros US$ 8 bilhões dos ingleses.
Publicado em: fevereiro 03, 2009